domingo, outubro 25

Mídia: a New Yorker continua inovando

A New Yorker é um fenômeno: é uma revista que se propõe a acompanhar semanalmete a programação das atrações e a vida social de Nova York. Critica e comenta teatro, cinema, eventos, restaurantes, baladas: uma espécie de Vejinha americana.

Mas tem também substância literária. A New Yorker é uma revista para gente letrada, que gosta de ler e que dedica tempo a isso. Os Estados Unidos são um país suficientemente grande e desenvolvido para ter uma mercado que sustenta essa proposta num mundo pós-moderno, pós-televisão, pós-papel, eletrônico, provinciano e burro.

Todos os escritores importantes desde 1925 foram colaboradores eventuais ou fixos da revista. Dorothy Parker, Amos Oz, John Updike, Pablo Neruda, George Orwell, Wladimir Nabokov, Eugene O'Neill, Osborne, Ogilvy, para citar apenas os primeiros que me ocorrem - e muitos outros. O logotipo da revista é o mesmo desde 1925, assim como a figura do "dandy" que é o seu símbolo.

Com a decadência da mídia impressa, seria de se esperar a decadência da New Yorker. Mas não. Ela ainda continua atual, vibrante e inovadora. Se New York é a capital do mundo, a New Yorker é a alma da capital do mundo. E aparentemente vai bem. Ainda.

Pois o número de 12 de Outubro de 2009 me parece que conseguiu inovar, mesmo numa mídia que se vê como um tanto desvitalizada e superada. Inaugurou algo que me parece inédito: uma capa tripla.

Não, não é uma capa dobrada em três: são três capas seguidas, com ilustrações sequenciais, contando uma estória, como se fossem quadrinhos. E com três segundas capas mais uma (a página 1), assinadas pelo HSBC.

Comparando com as mídias consideradas mais modernas e agitadas, a criatividade deles faz com que estas últimas pareçam tão convencionais e balofas como realmente são em tantas de suas manifestações e "conquistas".

Sem falar em conteúdo, porque aí seria covardia a comparação.

Nenhum comentário: