domingo, maio 15
O fim da Escola Pública é prá quando?
Manchete do Estadão de hoje no Caderno Vida:
"Emergentes, famílias das Classes D e E investem em escola particular".
Lembro-me dos tempos em que a Escola Pública era o padrão de ensino.
Iam para escolas particulares duas classes de alunos: os mais ricos, talvez religiosos, que pagavam caro em escolas privadas de elite (São Luiz, Arquidiocesano, Bandeirantes, Rio Branco e poucos outros); ou os atrasadões, sem muita vocação para aprender, que iam para escolinhas particulares, geralmente oferecendo cursos fáceis e inúteis, mercadores de diploma, sem muito controle de presença em classe.
Mais ou menos como grande parte das escolas e faculdades de hoje, isso não mudou.
O que mudou foi a destruição sistemática da escola pública e a desmoralização do ensino e dos seus professores.
Desleixo? Demagogia dos nossos governantes? Será que tal catástrofe pode ter sido apenas casual, assim como se ninguém estivesse interessado em que acontecesse e ela apenas... aconteceu?
Estamos quase chegando lá: nesse passo, daqui a uma ou duas gerações não haverá mais ensino público. Mas haverá bolsas-escola para garantir diploma a todos os cidadãos - os quais, agradecidos, irão reverenciar ainda mais o líder populista de plantão por mais uma dádiva.
E nós, os mais idosos, talvez tenhamos ainda lembrança de que a escola pública, em todos os níveis, a começar pelo grupo escolar, era o padrão de excelência no ensino e que só ia para a escolinha de bairro quem não conseguia vaga no grupo escolar.
Hoje, em termos de ensino público, ainda sobrou algum reduto no ensino público de qualidade: USP, talvez Federal e quem sabe algumas outras, assim em Natal, em Florianópolis, não sei...
Mas também aí a esculhambação começou. Falta de disciplina, greves, falta de professores, professores mal remunerados e desprestigiados, falta de equipamento e manutenção em vários departamentos, despreparo da academia para atender à demanda do mercado de trabalho sem sacrificar a formação geral dos alunos, e por aí vai - devagar, devagar, mas sempre.
Talvez, com um pouco mais de capricho no desleixo, daqui a alguns anos a gente consiga ter só escolas e faculdades de fundo de quintal, agenciando a emissão de diplomas e certificados. Quem precisa de professores?
Iniciativa privada até na escola pública. Como, como?
Xaprálá, o mercado resolve tudo.
PMA 15/5/11
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