Quando os partidos e a Justiça Eleitoral dizem ao eleitor que cabe a ele moralizar a Política, através do exercício do voto, estão juntando o ultraje ao insulto.
Se existem partidos, órgãos de direção, polícias, corregedores, procuradores, justiça comum, justiça eleitoral e leis, por quê caberia ao eleitor exercer o dever que caberia a esses órgãos?
O eleitor comum não consegue entender os apelos à moralização e à seriedade política por parte das autoridades que são pagas para exercê-las e não as exercem.
Os políticos e as instituições, na lógica do eleitor modesto, não são nem sérios nem confiáveis, e ainda imputam a culpa a nós aqui em baixo, nós, que não temos sequer a oportunidade de usufruir as mesmas vantagens, autoridade e prerrogativas.
Se o cara é ladrão, por quê a Polícia não prende? Por quê a Justiça não condena? Se o cara cometeu crime eleitoral, como é que passa pelo registro na Justiça eleitoral? Como é que toma posse e termina o mandato antes de ser julgado, com essa lorota de liminar?
Esse apelo pseudo-democrático ameaça-nos com a sua extensão lógica: amanhã a Polícia, em vez de prender assaltantes e criminosos, vai fazer uma campanha na TV dizendo que cabe às vítimas fazê-lo:
“Prenda seu ladrão hoje! Dê voz de prisão ao assaltante armado que exige a sua carteira! ”
“Prenda seu ladrão hoje! Dê voz de prisão ao assaltante armado que exige a sua carteira! ”
PMA – out 2010
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